"À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles"- Isaías 8:20
Por Guilherme Parizio
Devemos ter um ministério especifico para as chamadas seitas? Há bem pouco tempo alguns de nossos mais destacados teólogos acreditavam que sim. Livros, periódicos e até ministérios foram erguidos visando dirimir o avanço desses movimentos. Até porque, como dizia Van Baalen: "As seitas são as contas vencidas da igreja"1.
Essa tarefa parece que não tem mais lugar na igreja atual. Temos medo de parecer intolerantes e fanáticos. Não queremos nos comprometer com uma obra onde a polêmica parece ser a tônica. Preferimos, como recomenda Erickson, uma "exposição positiva da verdade"2 (ver, nesse mesmo blog, o artigo "Onde estão os apologistas?").
Concordo totalmente com essa posição, endosso e assino embaixo. Eu mesmo fui ganho para Cristo dessa forma. Só que eu não fazia parte de nenhuma seita (pelo menos não nessa época, mas isso já é outra história).
Acredito que da mesma forma que O Espírito Santo distribui diferentes dons para diferentes tarefas aos membros do corpo de cristo, que é a igreja, do mesmo modo (não tenho a menor dúvida) de que diferentes pessoas têm de ser alcançadas através de diferentes métodos. Alguém que porventura esteja lendo esse texto já tentou evangelizar um testemunha de Jeová usando o método tradicional de abordagem evangelística? Se já, muito provavelmente não deve ter tido êxito (a não ser que alguma manifestação sobrenatural tenha ocorrido e o TJ tenha caído aos pés do Mestre ali mesmo!).
Nos últimos anos temos dado muita ênfase as missões transculturais, o que é muito apropriado, pois a vocação da igreja é mundial. Os primeiros cristãos entenderam isso e cada um era um missionário em potencial. Contudo, antes de irem até os confins da terra os apóstolos e demais discípulos pregaram na Judéia e em Samaria!
Claro que estou usando uma linguagem metafórica. Não estou de maneira alguma dizendo, como já vi alguns afirmarem, que devemos primeiro ganhar nossa própria nação para Cristo para só assim partimos para outras terras, longe disso. Só estou redarguindo que não podemos fazer uma coisa em detrimento da outra. A igreja tem por prioridade ganhar os perdidos. Logo, afirmo: um mórmon, testemunha de Jeová ou espiritista é tão perdido quanto um muçulmano, hinduísta, budista ou animista! Se para irmos ao campo missionário precisamos nos preparar, conhecer a cultura, os fundamentos religiosos do povo que pretendemos alcançar, o mesmo princípio deve ser usado para atingirmos os sectários e sermos bem sucedidos na sua evangelização, pois eles vivem numa verdadeira subcultura religiosa, sob a mais poderosa opressão mental, e dentro de um legalismo terrível. Pregar para os sectários é fazer missões!
Sei que as últimas palavras que proferi foram fortes. Mas, longe de serem arrogantes, são palavras de misericórdia e amor. Sei que nesses movimentos existem pessoas honestas, de boa índole, caridosas, etc.. Mas isso não é suficiente para demonstrar o caráter salvífico desses movimentos, ou a indiferença do Criador em relação a esse relativismo religioso. Devemos sempre ter em mente que muitas delas agem assim não por serem membros desses movimentos, mas apesar desse fato. Deus nos deu paradigmas para identificar tanto práticas pessoais como igrejas bíblicas e doutrinas heterodoxas (Isaías 8:20). Não entra aqui a questão teológica de igreja visível e invisível.
Não podemos tampar o sol com a peneira e fingir que os adeptos de seitas estão salvos. Sei que parece arrogância e sei também que no nosso meio pessoas se comportam de maneira tão mundana que na maioria das vezes os sectários parecem ser os legítimos representantes de Cristo, o verdadeiro povo de Deus. Isso é fato. Mas é igualmente fato que eles negam doutrinas basilares da fé, como a Trindade, a divindade do Espírito Santo... E ensinam doutrinas estranhas como o batismo pelos mortos (por procuração), a salvação pelas obras meritórias e a reencarnação, entre outras. Práticas que além de serem inúteis são anti-bíblicas pelos seguintes fatos:
1-Elas negam a cruz de Cristo ao colocarem outro fundamento além do sacrifício vicário do Filho de Deus em nosso favor.
2-Elas contrariam diretamente as ordenanças estabelecidas pelo Criador e Legislador do universo.
3-Elas não dão segurança ao crente, pois estão baseadas em ensinamentos de homens e não alicerçadas na palavra de Deus.
Somos os donos da verdade? De maneira nenhuma. Então, como sabemos? Temos um livro guia. Eles também o possuem. Correto, mas se colocam acima dele quando o amordaçam com seus pressupostos doutrinários. Esse foi o erro da igreja medieval: não deixar a palavra falar sozinha. Esse é o nosso erro, quando atrelamos a palavra a práticas estranhas. Nosso, de nossas igrejas ditas ortodoxas! Não, não somos os donos da verdade, antes a verdade tem que nos possuir. A igreja tem marcas, as seitas também. Nós devemos decidir com quais iremos nos apresentar diante de Deus.