domingo, 23 de agosto de 2009

Tele Evangelismo: Ajuda ou Atrapalha?


Por Guilherme Parizio


Nos dias atuais, onde a frequência ao templo parece cada vez mais restrita ao domingo à noite, surgiu uma figura que amiúde se faz presente na vida das pessoas: o tele-evangelista. Se bem que esses tipos não são novidade em nosso meio, pois cada geração de crentes teve o seu tele-evangelista da hora (quem não lembra de Nilson Fanine, Caio Fábio, Valnice Milhomens, etc.). O modelo na verdade começou (para não fugir à regra) nos Estados Unidos, onde homens como Oral Roberts e Pat Robertson faziam sucesso na telinha da terra do Tio Sam. Correndo por fora vinha Jimmy Swergart que era um legitimo Assembleiano ao estilo americano, mas que não ficou atrás no quesito "escândalo sexual". Nisso ele foi, se não "our-concour", com certeza, primeiro lugar absoluto.Mas o que temos em pauta aqui é o legitimo tele-evangelismo tupiniquim, com seu neo-pentecostalismo amalgamado com com o "modo brasileiro de vida". Representantes como R.R.Soares, Silas Malafaia, Balarin, toda a turma da Univer$al, o pessoal da Igreja "Mundial do Poder de Deus" (qualquer semelhança com a igreja do Edir não é mera coincidência, é dissidência), sem falar nos locais. Mas tá todo mundo na mídia. Alguém já disse que quem não está na mídia não existe (mas acho que ouvi essa frase de um publicitário...). Até nossos pastores mais conservadores já fizeram uma incursãozinha na mídia. Pastor Welington é nosso representante mais destacado, só precisa melhorar um pouco o carisma (Se Malafaia não fosse da oposição podia dar umas aulas). Mas chega de divagação e vamos ao que interessa: Esses pastores da mídia ajudam a igreja e o reino ou atrapalham? Se ajudam, quais as contribuições mais destacadas? E se atrapalham, onde eles mais tem dado bola fora? Essa exposição trás mesmo benefícios para a igreja? Não quero e nem pretendo esgotar o assunto aqui nessa postagem, por isso opinem.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A Religião Vermelha

Por Guilherme Parizio

Se eu pedisse a qualquer pesoa um pouco informada sobre assuntos religiosos que me citasse o nome de uma religião que promete o paraíso na terra e o fim das desigualdades entre os homens num reino de paz para sempre, muito provavelmente a resposta seria: "OsTestemunhas de Jeová". Poucos associariam esses conceitos a um grupo eminentemente anti-teísta e que sistematicamente perseguiu e eliminou grupos religiosos do território que dominou por três quartos de século.

Estou me referindo a uma religião que dominou um país de proporções continentais e rivalizou com o cristianismo num periódo de 74 anos na Rússia e nas demais regiões que nessa época eram conhecidas pelo nome de "União Soviética". Ou o amigo(a) não sabia que de certo modo o chamado "Marxismo-Leninismo" incorporava elementos religiosos em seu bôjo? Se Está disposto a conhecer alguns desses elementos, lhes convido a ler as próximas linhas que preparei para serem debatidas.


Antes que algum irmão mais "progressista" me tache de reacionário, quero deixar bem claro que só abordei esse tema pelo simples motivo de que sempre simpatizei com as idéias de esquerda mas não posso deixar de admitir que o sistema que foi implantado na antiga União Soviética além de desumano, foi incompetente. Ao escrever essas linhas não tive outra intenção se não fazer um pequeno esbôço de um aspecto que considero fundamental nesse sistema, o religioso, ainda que os teóricos do movimento neguem que o sistema traga em si esse elemento.


Realmente, o marxismo-leninismo propaga, como já foi salientado acima, uma emancipação dos conceitos metafísicos e de qualquer esperança extra –túmulo. Isso não quer dizer que os mesmos não tenham incorporado ao sistema, ainda que de forma inconciente, rituais consagradas pela religião. E não só isso, houve mesmo uma “teologia” e uma mística marxista, coisa que podemos sentir não só nos escritos dos fundadores como em seus posteriores propagadores, ainda que a palavra “Deus” não esteja lá, a não ser de forma negativa. Não importa: a religião vermelha existiu, com todo seu aparato comprado aos das grandes religiões do mundo.





O homem tem um vazio em forma de Deus, e só Ele pode preenchê-lo. Todo sistema, ideologia ou coisa parecida que não considere essa verdade tende ao fracasso.


Deus: O estado

Diferente das tradições religiosas conhecidas a “teologia” comunista não tem um Deus pessoal como objeto de adoração. Tal Deus, segundo eles, é uma ilusão alienante que escraviza o homem e o impede de lutar pela libertação dos povos do jugo capitalista. Esse Deus além de inútil é pernicioso. Não há lugar para ele no mundo da religião vermelha. Deve ser rejeitado e combatido. Em seu lugar se ergue o Estado, com seu poder absoluto de vigiar e cuidar da sociedade. Nada nem ninguém está fora do seu poder. Nenhuma instituição pode fugir de seu controle.
Para que haja respeito pelo estado o mesmo deve ser temido e admirado. Um verdadeiro “culto” deve ser prestado a ele e uma complexa liturgia deve ser desenvolvida. O povo terá o vazio deixado pelos ídolos metafísicos preenchido por esses espetáculos públicos que devem embebecer os sentidos para impedir que o Deus destronado não tente se revolver em seus corações. Parece que esse foi o quesito em que eles mais foram incompetentes, haja visto as notícias que as agências missionárias recebiam constantemente nessa época.



O Profeta e Legislador: Karl Marx

Foi aquele visionário que primeiro teve a "luminosa" idéia de um mundo onde todos teriam os mesmos direitos e oportunidades sem ricos nem pobres, patrões ou empregados, ou seja , o céu (chamado por eles de sociedade sem classes) e onde um unico Deus (estado) seria senhor absoluto de corações e mentes (para o bem de toda essa nova socidade).



O Messias: Lênin


O grande salvador e libertador do povo russo, e por quer não dizer, de todo aquele que aceitasse sua proposta de libertação. De qualquer forma todas as pessoas iriam aceitar essa proposta mais cedo ou mais tarde (querendo ou não) pois a tendencia natural da história e o destino final da humanidade era se tornar um paraíso comunista.


O Papa: Stalin

Após a morte do messias (que não ressussitou, obviamente) foi nescessário a eleição de um vigário para conduzir os fiéis no caminho da ortodoxia vermelha, pois muitos hereges, como veremos a seguir, já estavam se insurgindo contra a "sã doutrina" pregada pelos profetas e postas em prática pelo messias, que , diferentemente do da tradição cristã, deixou muitos escritos para que o povo não se desviasse.
O papa manteve a ordem e excomungou muitos hereges, como Trotsky, que foi executado pela inquisição vermelha.


A Sé apostólica: O Kremlin

Todo papa presisa de uma sé e não foi diferente com Stalin. O Kremlin se prestou perfeitamente a essa função. De lá ele comandou com mão de ferro todo império vermelho (União Soviética) e influenciou de forma poderosa outras regiões mais distantes onde essa forma de religião era professada (p.ex: Cuba, China...)


A Catequese: A doutrinação

Era feita a partir da mais tenra idade. Era intensiva (através da doutrinação) e ostensiva (através da propaganda).
Literatura contrária à doutrina era expressamente proibida, e só poderia ser lida por especialistas com o intuito de ser analisada e refutada.


As Cruzadas

Essa modalidade de expressão religiosa não poderia faltar a religião vermelha. Os combatentes da fé se enpenhavam ao máximo para converter os "pagãos" a sua religião (caso contrário, pelotões de fuzilamento, deportações para sibéria...)


Os Hereges

O caso emblemático foi o de Trotsky que mesmo sendo um apóstolo da religião, não foi poupado para dar o exemplo e não contaminar a fé dos fiéis.


A Inquisição

Interrogatórios, denúncias e execuções eram comuns no mundo vermelho. Eram armas constantemente usadas pelos homens do Kremlin.


A Bíblia

A religião vermelha era uma religião altamente escriturística com suas escrituras sagradas como regra de fé e prática valendo para todos os fiéis. Seus principais escritores "sacros" eram Marx, Engels e Lênin, por isso o sistema também é chamado de “marxismo-leninismo”.


Os perdidos

Eram todos os não-vermelhos, principalmente um povo que se intitulava cristão e obstinadamente teimava em não se curvar a liberdade que lhes era oferecida, mesmo a custa de sua própria vida. O mais incrível era que muitos dos que professavam a religião vermelha ao presenciarem tais atos de insubordinação também se tornavam cristãos e, apesar da perseguição sistemática, núcleos do cristianismo proliferavam a cada dia não só na Rússia mas em todos os países satélites(era a chamada igreja subterrânea).


A Escatologia

A religião vermelha cria que em um futuro próximo, após um período de choque entre as potências mundias um novo mundo iria surgir, sem explorados e exploradores, sem classes sociais, onde Deus (estado) seria o único senhor, como foi profetizado por Marx.




Segundo alguns, muitos fiéis remanescentes ainda estão por aí , nos mais diferentes lugares do mundo, ainda que alguns professem um forma heterodoxa da doutrina.
Muitos deles esperam um advento glorioso, principalmente nesses últimos tempos de crise global: são os profetas vermelhos. O tempo dirá se esses resignados combatentes voltarão a ver o sistema em sua total glória passada

Neopaganismo Evangélico


Por JOSÉ ARTHUR GIANNOTTI

Teologia pentecostal se afasta da tradição judaico-cristã ao atribuir ao mal uma potência independente de Deus e dos homens


JOSÉ ARTHUR GIANNOTTI

Colunista da Folha

Estava passeando pela TV quando dei com um culto da Igreja Mundial do Poder de Deus. Teria rapidamente mudado de canal se não tivesse acabado de ler o interessante livro de Ronaldo de Almeida, "A Igreja Universal e seus Demônios – Um Estudo Etnográfico" [ed. Terceiro Nome, 152 págs., R$ 28], que me abriu os olhos para o lado especificamente religioso dos movimentos pentecostais. Até então, via neles sobretudo superstição, ignorando o sentido transcendente dessas práticas religiosas.

No culto da TV, o pastor simplesmente anunciou que, dado o aumento das despesas da igreja, no próximo mês, o dízimo subia de 10% para 20%. Em seguida, começou a interpelar os crentes para ver quem iria doar R$ 1.000, R$ 500 e assim foi descendo até chegar a R$ 1.

Notável é que o dízimo não era pensado como doação, mas simplesmente como devolução: já que Deus neste mês dera-lhe tanto, cabia ao fiel devolver uma parte para que a igreja continuasse no seu trabalho mediador. Em suma, doar era uma questão de justiça entre o fiel e Deus.

Em vez de o salário ser considerado como retribuição ao trabalho, o é tão só como dádiva divina, troca fora do mercado, como se operasse numa sociedade sem classes. Isso marca uma diferença com os antigos movimentos protestantes, em particular o calvinismo, para os quais o trabalho é dever e a riqueza, manifestação benfazeja do bom cumprimento da norma moral.

Se o salário é dádiva, precisa ser recompensado. Não segundo a máxima franciscana "é dando que se recebe", pois não se processa como ato de amor pelo outro. No fundo vale o princípio: "Recebes porque doastes". E como esse investimento nem sempre dá bons resultados, parece-me natural que o crente mude de igreja, como nós procuramos um banco mais rentável para nossos investimentos.

O crente doa apostando na fidelidade de Deus. Os dísticos gravados nos carros, "Deus é fiel", não o confirmam? Mas Dele espera-se reciprocidade, graças à mediação da igreja, cada vez mais eficaz conforme se torna mais rica. Deus é pensado à imagem e semelhança da igreja, cujo capital lança uma ponte entre Ele e o fiador.



ANTICALVINISMO
Além de negar a tradicional concepção calvinista e protestante do trabalho, esse novo crente não mantém com a igreja e seus pares uma relação amorosa, não faz do amor o peso de sua existência.

Sua adesão não implica conversão, total transformação do sentido de seu ser; apenas assina um contrato integral que lhe traz paz de espírito e confiança no futuro. Em vez da conversão, mera negociação. Essa religião não parece se coadunar, então, com as necessidades de uma massa trabalhadora, cujos empregos são aleatórios e precários?

Outro momento importante do livro é a crítica da Igreja Universal ao candomblé, tomado como fonte do mal. Essa crítica não possui apenas dimensões política e econômica, assume função religiosa, pois dá sentido ao pecado praticado pelo crente. O pecado nasce porque o fiel se afasta de Deus e, aproximando-se de uma divindade afro-brasileira, foge do circuito da dádiva. Configura fraqueza pessoal, infidelidade a Deus e à igreja.

Nada mais tem a ver com a ideia judaico-cristã do pecado original. Não se resolve naquela mácula, naquela ofensa, que somente poderia ser lavada pela graça de Deus e pela morte de Jesus, mas sempre requerendo a anuência do pecador.

Se resulta de uma fraqueza, desaparece quando o crente se fortalece, graças ao trabalho de purificação exercido pelo sacerdote. O fiel fraquejou na sua fidelidade, cedeu ao Diabo cheio de artimanhas e precisa de um mediador que, em nome de Deus, combata o Demônio. O exorcismo é descarrego, batalha entre duas potências que termina com a vitória do bem e a purificação do fiel.



PAGANISMO
Compreende-se, então, a função social do combate ao candomblé: traduz um antigo ritual cristão numa linguagem pagã. Os pastores dão pouca importância ao conhecimento das Escrituras, servem-se delas como relicário de exemplos. Importa-lhes mostrar que o Diabo, embora tenha sido criado por Deus, depois de sua queda se levanta como potência contra Deus e, para cumprir essa missão, trata de fazer o mal aos seres humanos.

O mal nasce do mal, ao contrário do ensinamento judeu-cristão que o localiza nas fissuras do livre-arbítrio. Adão e Eva são expulsos do Paraíso porque comeram o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e assim se tornam pecadores, porque agora são capazes de discriminar os termos dessa bipolaridade moral.

Essa teologia pentecostal se aproxima, então, do maniqueísmo. Como sabemos, o sacerdote persa Mani (também conhecido por Maniqueu), ativo no século 3º, pregava a existência de duas divindades igualmente poderosas, a benigna e a maligna. Isso porque o mal somente poderia ter origem no mal. A nova teologia pentecostal empresta o mesmo valor aos dois princípios e, assim, ressuscita a heresia maniqueísta, misturando o cristianismo com a teologia pagã.


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JOSÉ ARTHUR GIANNOTTI é professor emérito da USP e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. Escreve na seção "Autores", do Mais!.

domingo, 2 de agosto de 2009

Maçonaria e Protestantismo Brasileiro Parte II


Estou publicando este artigo, de autoria desconhecida, cuja fonte é a página da "Benémerita Loja Antonio João Nº 5" como complemento ao meu artigo sobre maçonaria. Meu único intuito é informar. Não endosso o posicionamento do autor quando ele afirma coisas como "Inúmeros outros Homens de Fé, verdadeiros cristãos, inclusive batistas de relevância na Denominação, têm sido maçons sem encontrar incompatibilidades entre a Fé Cristã e a prática Maçônica". Não consigo ver essa compatibilidade e causa-me estranheza saber que líderes eminentes no nosso meio tem ocupado posições de destaque na confraria.

Ficando bem clara minha intenção, aqui vai o artigo.


ESTATUTOS

Em 1723 foi publicado o primeiro estatuto da novel organização (A Grande Loja de Londres) conhecido mundialmente como "Constituições de Anderson", por ter sido compilada e redigida pelo Rev. Presbiteriano James Anderson (1680-1739). Outros dizem ser as "Constituições" obra. de seu prefaciador, o Rev. Anglicano João Teófilo Desaguliers (1683 - 1744) de família huguenote francesa que emigrou para a Inglaterra após a revogação do Édito de Nantes.

INFLUËNCIA PROTESTANTE

É inegável que a Maçonaria Moderna foi organizada sob influencia protestante. Os redatores do primeiro Estatuto (Anderson e Desaguliers) por suas crenças, não poderiam deixar de introduzir princípios evangélicos na nova organização, principalmente devido ao fim a que ela se destinava. Provavelmente devido a tais princípios, a Maçonaria se desenvolveu muito nos países onde predominava a influencia protestante (Inglaterra. Alemanha e América do Norte), propagando-se depois para o resto do mundo.*

A MAÇONARIA E OS BATISTAS NO BRASIL

Os emigrados dos EUA que se estabeleceram em Santa Bárbara em São Paulo fundaram em 10/09/1871 a Igreja Batista em Santa Bárbara (4. pg. 230), a primeira Igreja Batista estabelecida em solo brasileiro (Pr. Richard Ratcliff), fundaram também em 1874 a Loja Maçônica "George Washington" (4, pg. 44), onde se encontravam cerca de oito batistas sendo que pelo menos cinco deles foram também fundadores da Primeira Igreja, entre eles estava o Pr. Robert Porter Thomas .

O Pr. Thomas foi interino por diversas oportunidades tanto na Primeira Igreja quanto na Igreja da Estação (2a), fundada em 02/11/1879 (Pr. Elias Hoton Quillin). O pastorado interino do Pr. Thomas nas duas Igrejas somou cerca de 25 anos de profícuo trabalho, sendo o que mais tempo pastoreou tais Igrejas.

Em 12/07/1880, a pedido da Igreja da Estação, foi formado um Concílio reunindo as duas Igrejas, para Recepção e Consagração ao Ministério do Irmão Antônio Teixeira de Albuquerque, tendo sido batizado pelo Pr. Thomas. Foi moderador do Concílio que se realizou no salão da Loja Maçônica, o Pr. Ouillin, conforme se descreve na carta subscrita pelo moderador e pelo secretário do Concílio (4, pg. 249 - tradução e pg. 407 fac-símile do original) ao Foreign Mission Board of fhe Soufhern Baptist Convention (Richmond, VA., U. S.A. ).

Destaco o fato curioso de que o Primeiro Pastor Batista Brasileiro, além de ter sido batizado por um Pastor que era Maçom foi ainda consagrado ao Ministério da Palavra no salão da Loja Maçônica.

É importante recordar que a Igreja em Santa Bárbara era uma igreja missionária. Foi ela que insistiu e conseguiu, que a "Junta de Richmond" nomeasse missionários para o Brasil, estabelecendo-se então em Sta. Bárbara a "Missão Batista no Brasil". O primeiro missionário foi o Pr. Ouillin (1878), com sustento próprio. Seguiram-se, sustentados pela "Junta": Bagby (1880), Taylor (1882), Soper (1885), Putheff (1885) e outros sendo que Bagby, Soper e Putheff foram pastores da Igreja em Sta. Bárbara, que tinha entre seus membros, um expressivo grupo de maçons

Em 1921, Salomão Luiz Ginsburg, Missionário da Junta de Missões Estrangeiras de Richmond, publicou o seu livro "Um Judeu Errante no Brasil ", sua autobiografia. Encontra-se em algumas partes de seu relato a descrição de sua condição de Maçom (5, pg. 82 e 83 ).**

Da imensa obra de Ginsburg desejo destacar poucos tópicos. Foi Ginsburg o editor do primeiro Cantor Cristão (16 hinos) em 1891 e na edição atual do referido Cantor ele aparece como Autor ou Tradutor de 102 hinos. Destaco ainda, conforme nos informa o Pr. Ebenezer Soares Ferreira (veja O Jornal Batista nº 30 de 24/07/94), Ginsburg foi o fundador, na cidade de São Fidélis no Estado do Rio de Janeiro, da Loja Maçônica Auxílio à Virtude (02/07/1894) e da "Egreja DE CHRISTO, CHAMADA BATISTA" (27/07/1894). que foi a primeira Igreja Batista em São Fidélis Segundo o mesmo autor (9, pg. 64), o primeiro Templo Batista construído no Brasil, foi o da Primeira Igreja Batista de Campos, edificado sob o pastorado de Salomão Ginsburg e com a colaboração financeira dos Maçons.

O Pastor José de Souza Marques, que foi Presidente da Convenção Batista Carioca e da Convenção Batista Brasileira, tendo em 1940, na Convenção da Bahia, organizado a Aliança dos Pastores Batistas Brasileiros, que mais tarde tomou o nome de Ordem dos Ministros Batistas do Brasil, permanecendo em sua Presidência até 1962, cujo fruto todos conhecem, exerceu cargos importantes na administração maçônica, tendo sido inclusive presidente, por muito tempo, do Supremo Tribunal de Justiça Maçônica. Ainda hoje, a única foto existente no Salão do Conselho do Palácio Maçônico do Lavradio, é a do Pr. Souza Marques. No mesmo Palácio, a sala de Tribunal de Justiça tem o nome de José de Souza Marques. Foi também Membro Efetivo do Supremo Conselho do Brasil para o Rito Escocês Antigo e Aceito, encontrando-se em sua sede em exposição, um retrato pintado a óleo do Pastor Souza Marques.

Inúmeros outros Homens de Fé, verdadeiros cristãos, inclusive batistas de relevância na Denominação, têm sido maçons sem encontrar incompatibilidades entre a Fé Cristã e a prática Maçônica. ***

OS ADVERSÁRIOS DA MAÇONARIA

Existem pessoas que têm razões para se oporem à Maçonaria. Todos os que defendem princípios contrários aos princípios maçônicos são adversários da maçonaria. Entre tais destacamos: Os Papas da Igreja Romana, os sectários contrários ao livre arbítrio, os totalitários (nazistas, comunistas, membros da TFP e outros); os fanáticos e muitos outros.

A perseguição aos Maçons, devido aos princípios que defendem, é antiga. O primeiro documento encontrado combatendo a Maçonaria é uma Capitular de Carlos Magno do ano de 779, proibindo a reunião de Guíldas. As autoridades laicas alegavam que os associados se reuniam em banquetes periódicos a fim de se entregarem ao vício da embriaguez, e as autoridades eclesiásticas afirmavam que a perseguição que moviam contra as Guildas era por causa do juramento. Diziam-se preocupadas pela salvação da alma do jurador no caso dele perjurar-se. Na realidade, tentavam com semelhantes pretextos especiosos, impedir o funcionamento das Gui1das temidas politicamente (8, pg. 46).

A perseguição dos Papas da Igreja Romana contra a Maçonaria começou pela edição da Bula "II Eminenti" (6, pg. 379) em 28 de abril de 1738, por Clemente XII e até 1907 seguiram-se mais 25 documentos entre "Bulas", "Encíclicas" e outros, de ataque à Maçonaria.

Em 18/05/1751, o papa Bento XIV publicou a Bula "Providas" (6, pg. 381), onde, referindo-se à "II Eminenti", declarou: "Finalmente, entre as causas mais graves das supraditas proibições e ordenações enunciadas na constituição acima inserida a primeira é: Que nas sociedades e assembléias secretas, estão filiados indistintamente homens de todos os credos; daí ser evidente a resultante de um.grande perigo para a pureza da religião Católica."

Seguem-se mais cinco causas; proclamando-se contra a obrigação do segredo, a forma de compromisso, a liberdade de reunião e outras. Conclama os Bispos, Superiores, Prelados e Ordinários, a não deixarem de solicitar o poder secular, para a execução das referidas regras.

Foi assim decretada a "Inquisição" contra os Maçons, pela oposição papal à Instituição, com as conseqüências que a história amplamente registra. Outros cristãos têm se manifestado contra a Maçonaria; os Neopentecostais, os Fundamentalistas modernos os Cismáticos e outros.****

É interessante notar que as causas de oposição dos modernos adversários dos maçons são muito antigas, são as mesmas utilizadas pelos papas na antiguidade.

Entre os cismáticos devemos destacar o Ex. Ministro presbiteriano Eduardo Carlos Pereira, que no início do século, com a oposição aos Maçons dentro da Igreja Presbiteriana, conseguiu separar-se com seus seguidores estabelecendo a Igreja Presbiteriana Independente. O tema tem sido tratado em muitas Igrejas, sempre visando provar que a Maçonaria é Seita ou Religião, para poderem assim combatê-la com facilidade no meio Cristão. O maçom Rev. Presbiteriano Jorge Buarque Lyra, respondeu à altura as questões postas por Eduardo Pereira".

NOTAS

* Bruno de Bonis é cristão evangélico, diácono da Igreja Batista do Méier, no Rio de Janeiro, membro ativo da Loja Maçônica Trabalho e Liberdade n° 1391, filiada ao Grande Oriente Estadual do Rio de Janeiro (GOB).

** Salomão Luiz Ginsburg fundou, em 1902, o Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, o qual, no próximo ano estará comemorando o seu Centenário, inclusive com a realização da Assembléia Anual da Convenção Batista Brasileira nesta Cidade do Recife como parte da efeméride. Salomão Ginsburg toi membro da "Duke de Clarence Lodge°, na Cidade de Salvador, da , Restauração Pernambucana, em Recife e, na jurisdição da Grande Loja Maçônica do Estado do Espírito Santo é patrono da Loja nº 3 - Loja Salomão Ginsburg.

*** David Mein, reitor do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, durante quarenta anos, Pastor da Igreja Batista do Cordeiro (segunda Igreja Batista fundada na Capital), Presidente da Convenção Batista Brasileira em várias oportunidades, foi maçom atuante, membro da Loja Cavaleiros da Cruz.

**** A obra "Antimaçonaria e os Movimentos Fundamentalistas do Fim do Século XX". de autoria de Descartes de Souza Teixeira, cristão batista, maçom ativo, membro da Grande Loja Maçônica de São Paulo, traça um perfil detalhado dos movimentos antimaçônicos entres os evangélicos.

REFERËNCIAS BIBLIOGRAFICAS

1 - Aslan, Nicola, A Maçonaria Operativa, Editora Aurora Ltda, Rio de Janeiro (RJ), 1979.

2 - Constituições dos Franco-Maçons de 1723 (As), Reprodução do original e tradução de João Nery Guimarães, Editora A Fraternidade, São Paulo (SP), 1982.

3 - Autores Diversos, O Cantor Cristão, JUERP, Rio de Janeiro (RJ), 1971,4a. edição com música.

4 - Oliveira, Betty Antunes de, Centelha em Restolho Seco, Edição da Autora, Rio de Janeiro (RJ), 1985.

5 - Ginsburg, Salomão Luiz, Um Judeu Errante no Brasil, Casa Publicadora Batista, Rio de Janeiro (RJ), 1970, 2a. edição.

6 - Aslan, Nicola, A História da Maçonaria, Editora Espiritualista Ltda, Rio de Janeiro (Rl), 1959.

7 - Ferreira, Ebenezer Soares, História dos Batistas Fluminenses , Rio de Janeiro (RJ), Edição do Autor, s.d

8 - Aslan, Nicola, Histórica Geral da Maçonaria - Período Opera ivo, Gráfica e Fditora Aurora Ltda, Rio de Janeiro (RJ), 1979.

9 - Reimer, Haroldo, Maçonaria - A resposta a uma carta. Edições Cristãs, Ourinhos (SP)- s.d.

10 - Pereira, Carlos Eduardo, A Maçonaria e a Igreja Cristã, Livraria Independente Editora, São Paulo (SP), 1945, 3a edição.

11- Lyra,.Jorge Buarque, A Maçonaria e o Cristianismo, Editora Espiritualista Ltda, Rio de Janeiro(RJ), 1971, 4a edição.

12 - Prober, Kurt, A História do Supremo Conselho do Grau 33 o Brasil, Livraria Kosmos Editora, Rio de Janeiro (RJ), 1 981.

13 - Pereira, I. Reis, A História dos Batistas no Brasil, JUERP, Rio de Janeiro (RJ), 1982.

Maçonaria e Protestantismo Brasileiro.


Por Guilherme Parizio

A maçonaria já foi muito tolerada em igrejas evangélicas brasileiras. Os primeiros missionários protestantes em nosso país não polemizavam com membros que eram ou se tornavam maçons, a não ser em alguns casos pontuais. Nas igrejas presbiterianas e batistas era natural encontrarem-se membros e líderes que faziam parte da confraria. Nos anos 50, 60 houve a chamada "polêmica fundamentalista" que causou um alvoroço por conta do liberalismo teológico e outras questões, entre elas o ploblema maçon. Isso provocou um cisma na igreja presbiteriana (um dos lideres do movimento fundamentalista no Brasil foi o Rev. Israel Furtado Gueiros aqui do Recife, pastor de minha mãe). Apesar da polêmica ter despertado muitos cristãos protestantes-históricos (tradicionais, como vulgarmente os chamamos) a maçonaria nunca foi totalmente erradicada dessas igrejas, que ainda é muito debatida por lá.

Segundo algumas fontes esses líderes teriam sido maçons(Incluí tanto líderes ligados a igreja brasileira como aqueles que nunca tiveram nenhum contato com nossa realidade):
W.C. Taylor, Robert Porter Thomas, Salomão Luiz Ginsburg, J.N. Darby, John Smyth, W. Carey, Adoniran Judson, Hudson Taylor, E. Nelson, Samuel Pires de Melo, Antonio Abuchaim, Teixeira Albuquerque, Bancroft, Langstrom, Scofield, K. Barth, M. Luther King Jr., Dr. Shepard, D.M. Lloyd Jones, W. Wiersbi, Norman Vincent Pearle, Og Mandino, James Kennedy, Mc Laren, Colgate, Pember, Sanders e Oswald Smith....
Quanto a Salomão Ginsburg, temos um relato de próprio punho onde ele tranquilamente descreve sua relação com a maçonaria. Me refiro ao livro "Um Judeu Errante no Brasil" (JUERP). Do mesmo não possuo mais exemplar, por isso não posso presisar as páginas, mas lembro muito bem que esses relatos constam do livro.

Fato diverso encontramos no meio pentecostal, que desde suas origens foi um ferrenho adversário tanto do modernismo teológico, como da maçonaria. E ainda assim há quem diga que nesse meio já há até membros em altos graus da maçonaria. Será lenda?


Onde Estão os Apologistas?





Por Guilherme Parizio

Eu não sei os outros estados do Brasil, mas aqui em Recife a onda apologética parece que acabou. Gostaria de saber se era só fogo de palha ou a igreja está amedrontada com possíveis processos que possam ser deflagrados contra ela. Mas, e onde fica o velho argumento do debate "no nivel das idéias"? (quem lia defesa da fé sabe do que estou falando).Ou seria descaso mesmo? Nosso pastor presidente, Ailton José Alves está fazendo um trabalho sem precedentes na área de educação teológica e no campo de missões e sei que ele já foi um entusiasta da apologética. Hoje não há mais ênfase. Mas acho que cada obreiro poderia fazer alguma coisa individualmente, como um irmão que temos aqui, Dimas Patriota. Queria ver mais deles por aí. Gente, não estou incentivando o fanatismo, nem uma "cruzada assembleiana", longe disso. É que dá pena ver as seitas crescerem de forma tão assustadora. Um exemplo clássico são as tjs, o Brasil é um dos lugares que mais crescem. Será que nesse pseudo-rebanho não há ovelhas que já foram do nosso pasto? Convido todos a uma reflxão. Participem.